terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Sem te encontrar
tudo o que digo
são palavras.
Da boca,
tão oca,
jorram para a rua.
Parecem trazer a lua no seu cantar,
mas a lua está no mesmo lugar.
Palavras sortidas,
palavras em fio,
cortadas e varridas
para o chão frio.

Chegou o meu sonho.
Deito as palavras ao ar,
não te dirão mais do que este sonho.
Reencontrei os olhos,
aqueles olhos,
os que o vento me tinha tirado.
Não os ter era pesado.
Sabes como pesa.

Teus olhos me indicam o caminho,
não viajo sozinho.
Certo é que sempre os encontro
(cada vez com mais cores)
pousados no meio das flores.

Chove

e a água lava os olhos nas minhas mãos
rega as plantas no nosso jardim.
Vejo enfim.

sábado, 29 de agosto de 2009


Porque conto eu só sentimento se não sou só feito dele?

Era eu (mais) piqueno e desenhava.me cientista, de quimico-fisico-sabia la eu.


Não sabia mas sabia-me seguro de adorar o raciocínio, a beleza irrefutável do círculo.

Agora o círculo não é mais a forma de arestas infinitas, é círculo de côr.

Talvez o facto de 1+2 ser 3 em todo o meu mundo conhecido me desse a segurança

de conhecer o que me esperava.

Talvez seja altura de voltar.


Não é hora de decidir, é só uma hora nostálgica.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Punha-se a tarde, parei para tentar preencher linhas do meu caderno.
Decidi que era vazio escrever sem ter o que dizer.

Agora escrevo porque o acaso,
seja o que fôr que lhe chamemos,
tem uma forma engraçada.

Aparece quando tem vontade,
faz por vezes parecer que a nossa própria vontade se torna a dele.

Assim encontrou.me uma ligação que me é aconchegante, por acaso querendo eu tambem encontra.la.

domingo, 7 de junho de 2009

(a alegria) cá pôs o seu pezinho

Respirar as ruas, isso posso agora.
Não há nada que não seja possível, se houver o tempo.

Cheirou.me a Lisboa. Pões o pé cá, e trazes contigo os cheiros e as imagens.

E de manha já o ar era inodoro.
Mas é do tempo, ainda não o é.

segunda-feira, 9 de março de 2009

"Se eu contar chamam-me mentiroso, a terra vibra como continua a vibrar a corda
que já deixou de ouvir-se, sente-a Pedro Orce nas solas dos pés, continua a senti-la
quando sai da farmácia para a rua, e ninguém ali dá por nada, é como estar a mirar uma estrela, dizer, Que linda luz, que formoso astro, e não poder saber que ela se apagou no meio da frase, hão-de os filhos e os netos repetir as palavras, pobres deles, falam do que está morto e chamam-lhe vivo"

José Saramago



Sentiu, bruscamente, aquilo que ninguém sentiu.
Daí foi flutuando a jangada, de pedra formada, à deriva.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Há dias em que estou tão cheio de qualquer coisa indefinível,
de qualquer sensação, que me julgo no dever de o escrever.
E julgo esse sentir tão importante, que o quero misturar em metáforas
e flores, dar voltas às dores e alegrias de histórias (vividas?)

Há dias em que estou tão cheio de mim.
Há dias em que me canso da minha ânsia, sem conseguir deixar de a ter.
Há dias...


Adormece