terça-feira, 15 de abril de 2008

Teatro

Passeei-me num outro dia
por um sítio onde havia
sol e chuva constantes.
Mas os presentes não se incomodavam,
tal era normal.
Todos os dias participavam no teatro de variedades
sob este clima descomunal.

Encontrei o Sr. do alinho,
vi-o já morto lá na colina.
Dizem os outros que ficou tão fraquinho,
que num instante todos lhe passaram em cima.

Num canto falei com o amigo Folião,
um companheiro bonacheirão,
e um belo figurão.
Bebeu meia adega creio,
deixei-o então a sonhar no passeio.

Passavam das três
quando vi certo personagem
deste teatro de rua.
Fazia mil coisas de uma só vez:
escrevia, lia, mirava a lua
queria meter toda a vida num mês.
Perguntou se não teria
esquecidas num bolso
uma hora ou duas que
lhe vendesse a avulso.

O que foi para ontem não está feito
e o amanha dorme ainda no leito
longínquo do que poderá ser.
Ainda não é.

Já no fim da tarde,
mesmo junto ao pôr-do-sol,
fui econtrar um sonhador
cantando uma pessoa em mi bemol.

Passou-se num estranho mundo
de escadas redondas e vales montanhosos.
No tempo de não sei quando
com não sei bem quem.

Mas tenho um palpite para
a origem destas miragens
na terra de sol e vento.
São todas personagens,
dançando no meu ser,
construindo o meu pensamento?...

1 comentário:

Ana P. disse...

"Fazia mil coisas de uma só vez:
escrevia, lia, mirava a lua
queria meter toda a vida num mês.
Perguntou se não teria
esquecidas num bolso
uma hora ou duas que
lhe vendesse a avulso"

ahhh! que bonito que bonito!